No Tempo da Panair

0

Haroldo Maranhão, outro nome representativo da nossa literatura, ganhou importantes prêmios nacionais

Autor de romances como Os Anões, Rio de Raivas, Cabelos no Coração e Memorial do Fim: A Morte de Machado de Assis, distinguido com importantes prêmios literários nacionais, Haroldo Maranhão (1927-2004) é outro nome representativo da nossa literatura.

*

“A Santa Maria de Belém chegava-se pelo rio. De onde quer que se viesse chegava-se pelo rio. Mesmo quando a invenção de voar chegou por lá, no rio ainda é que as águias e condores pousavam, no rio. O rio era um rio sem convulsões, dava baques fracos na amurada do cais, na Escadinha, no Galpão Mosqueiro e Soure, no Porto do Sal, na Estação Hidroviária da Panair. Os ‘bacuraus’ da Panair deslizavam na pele do rio. E quando de noite se ouvia o distante ronquinho, falavam: ‘É o ‘bacurau’ que vem chegando’. Se havia luar, os de sono escasso seguiam o risco de luz sobre a Cidade Velha, sobre a Caixa d’Água, sobre a Port of Pará, antes de inclinar-se para descer. Ninguém se espantava imaginando que fosse cometa ou assombração. ‘é a Pana-ir!’. De começo era Pana-ir, poucos diziam Panair.”

Haroldo Maranhão, Rio de Raivas (1987)

Coordenação e textos: Elias Ribeiro Pinto

Compartilhar:

Os comentários estão fechados.

Acessibilidade