Ela foi considerada a mais bela casa noturna já vista na cidade. Surgiu quando o mundo dançava ao som dos “Embalos de Sábado à Noite”, com John Travolta. Até a filha do Presidente da República compareceu ao acontecimento que entrou para a história do alto mundo de Belém
A MAIS BELA CASA NOTURNA JÁ VISTA NA CIDADE
Há seis semanas que a cidade mal conseguia controlar os quadris no exíguo espaço das cadeiras do Cinema II. Das telas vinha o convite para sair dançando ao som dos “Embalos de Sábado à Noite”, o filme síntese da moda “discô”, estrelado por um emergente John Travolta, que saracoteava pelo salão embalado pelas canções do Bee Gees.
Não poderia ser mais apropriado o clima para a estreia da Signo’s, a casa que se tornaria o templo da “discothécque” (como então anunciavam as colunas sociais) no tucupi.
Aos dez minutos daquela noite (um sábado à noite, obviamente), quando Paulo Martins, Albertinho Pinheiro e Tarrika acionaram os botões eletrônicos de som e luz, estava dada a partida “para o sucesso da mais bela casa noturna já na vista na cidade”, sentenciaria Edwaldo Martins na coluna que escrevia no jornal “A Província do Pará”, lida por “tout” Belém colunável, presente, aliás, à festa de inauguração.
Das 11 da noite às 6 da manhã, registrou Edwaldo em extraordinária página dupla dominical, Ana Maria Martins e Paulo Martins, proprietários do restaurante “Lá em Casa”, entregaram à cidade, em alto estilo, a Signo’s. “A sociedade paraense viveu uma das noites mais bacanas” naquela madrugada de 7 de outubro de 1978. A festa contou até com a presença da filha do homem, que, corria então a lenda, gostava das músicas de Chico Buarque, que não era exatamente a preferência musical de seu pai, o presidente Ernesto Geisel.
Em geral sisuda e reservada, Amália Lucy Geisel, filha do presidente da República, em visita à cidade para conhecer o Círio, testemunhava também o surgimento de uma das casas mais completas do gênero no país, que não faria feio ao lado de irmãs mais famosas como Hippopotamus, Papagaio’s Disco Club e Crocodilus, do Rio de Janeiro.
Os números confirmavam essa irmandade. A Signo’s contava com 3 mil lâmpadas coloridas, 200m de vidro fumê, 450m de espelhos, 2.400 watts de som, 18 mil watts de luz com efeito computadorizado, 15 painéis de controle de luz, 6 cornetas com divisores eletrônicos, pista de lã de vidro com centros de luzes no seu interior e com o desenho da marca da casa, que se repetia em três painéis luminosos giratórios. São números que até hoje impressionam.
Para Edwaldo Martins, o maior nome do colunismo social paraense, a inauguração da casa ficaria registrada na história “como um dos acontecimentos mais movimentados” da noite de Belém
‘VAI FICAR NA HISTÓRIA DO ALTO MUNDO’
Naquela noite de estreia, no salão, as colunáveis dançavam vestidas por nomes requisitados da moda, como Enid Almeida, Maria Augusta Teixeira, Orphísia Vale e Eliza Frazão. Nos cabelos esvoaçantes, toques de Terezinha Bandeira Pinto, Eurico Mendes, Juan Carlos e Jaime, cabeleireiros da hora.
A Noite de Flores, título da festa de abertura da boate Signo’s, “vai ficar na história do alto mundo como um de seus acontecimentos mais movimentados”, profetizou Edwaldo.
Aliás, o domingo seguinte, o do Círio de 1978, também foi marcante. Os jornais calcularam que pelo menos 800 mil romeiros acompanharam a procissão, no maior Círio, até então, da história. Também foi o que mais demorou: o percurso de oito quilômetros foi realizado em pouco mais de cinco horas. Tudo testemunhado por uma ilustre convidada, saída, horas antes, de uma festa que também já é história: Amália Lucy Geisel, a filha do presidente.