Mudanças climáticas em Belém foram debatidas em sessão da Câmara

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Prefeitura anunciou a fase final de estudo sobre os impactos na cidade e movimentos sociais querem criar fórum de discussão.

A crise climática e as políticas municipais de preservação do meio ambiente foram debatidas em sessão especial da Câmara Municipal de Belém, na tarde desta segunda-feira, 12. A vereadora Lívia Duarte (PSOL) apontou que a reflexão sobre as mudanças climáticas atinge toda a sociedade, das periferias aos centros urbanos. O evento atendeu aos requerimentos dos vereadores Fernando Carneiro (PSOL) – que presidiu a sessão – Lívia, Bia Caminha (PT) e Amaury Spuza (PT).

“Os ativistas do clima costumam dizer que ‘o céu não tem parede’. Então, quando esquenta, esquenta tudo, quando cai, cai tudo. Mas, obviamente, a população mais vulnerável sente mais. É importante falar das questões mundiais do clima, mas também do cotidiano e da participação popular que podem colaborar com a solução do problema”, destacou Lívia.

“As pessoas que convivem diariamente com os rios, com a falta de saneamento, a questão da mobilidade, a questão urbana, de saúde… tudo isso está envolvido com as políticas climáticas”, apontou o vereador Fernando. Ele é autor de um dos projetos que tramitam na CMB sobre a Política Municipal de Enfrentamento à Crise Climática. Ele defendeu que as propostas sejam unificadas com a colaboração de autoridades e de especialistas.

Plano

Durante a sessão, o secretário municipal de Meio Ambiente (Semma), Sérgio Brazão e Silva, anunciou que, em breve, a Prefeitura de Belém vai divulgar o diagnóstico sobre os impactos na capital paraense e um “plano de resiliência” com ações que irão preparar a cidade para os impactos dessas mudanças. Já as organizações ambientais defenderam a constituição de um fórum para debater medidas de enfrentamento.

O estudo sobre as consequências da crise vem sendo realizado em parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). “As mudanças climáticas implicam em eventos que podem ser desagradáveis à população como chuvas muito fortes causando alagamentos e desbarrancamentos, aquecimento e redução da umidade. Se tudo isso acontecer de forma intensa, Belém já vai estar preparada (com o plano de resiliência) com a proteção das áreas verdes, com o sombreamento através da arborização e também com o tratamento das águas através das drenagens e tratamento adequado dos resíduos de saneamento para prevenir as agruras que virão”, explicou o secretário.

Uma das iniciativas mencionadas por ele é o projeto de macrodrenagem da Bacia da Estrada Nova, que “está construindo a maior Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da região Norte” e que vai remanejar para um novo conjunto habitacional 240 famílias de áreas de risco dos bairros do Jurunas, Cremação e Condor, que deixarão de poluir o rio Guamá. “Nas áreas que elas moram (hoje) não serão feitas novas casa, mas vias, canais, drenagem e arborização”.

Fórum

Dirigentes de ONGs de defesa ambiental, como o Observatório da Costa Amazônia (OCA) e Amandi (Ame o Tucunduba/ Rede Jandyra) defenderam a criação de um fórum para discutir as mudanças climáticas. “É preciso que não apenas os cientistas, mas também a população tradicional, as comunidades ribeirinhas, com a expertise que possuem, sejam parceiras das universidades desse monitoramento para a tomada de medidas de mitigação”, defendeu a professora da Faculdade de Oceanografia da Universidade Federal do Pará (UFPA), Sury Monteiro, da ong OCA.

“É importante a gente avançar nas políticas. O fato que a gente não está vendo, não significa que não vá nos afetar”, destacou a presidente da Amandi, oceanógrafa Mikaela Valentim. A jornalista e remadora Larissa Noguchi, que há quatro anos rema no rio Guamá, testemunhou que observa de perto as mudanças climáticas afetando o lugar. “Chegar nessas ilhas tem sido mais difícil (…) o rio está muito sujo, os ribeirinhos não têm saneamento”.

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