A realidade do setor de saúde municipal voltou à pauta de debates da Câmara Municipal de Belém ao centro dos debates na Câmara Municipal de Belém, nesta quarta-feira (13). Pablo Farah (MDB), iniciou a discussão dizendo ter sido informado por funcionários do Pronto Socorro Municipal Mario Pinotti (PSM da 14) da existência de uma fila de 300 pessoas que precisam de cirurgias de emergência, principalmente por fraturas e dores. “Me informaram que tem 300 pessoas com membros fraturados esperando para serem operadas. Não é cirurgia eletiva. É emergência real, de pessoas com dores insuportáveis. Essa fila nem deveria existir”, desabafou.

Embora reconhecendo que as demandas dos prontos-socorros sempre foram grandes, Farah se disse indignado com a grande quantidade de pessoas doentes esperando ser chamadas para cirurgias de emergência. Outros fatores agravam essa situação, conforme o vereador, como a falta de medicamentos para aliviar dores nos dois prontos-socorros da capital. “Na falta de dipirona, estão aplicando morfina nos pacientes. Estão viciando essas pessoas”, acusou. Ele pediu à Comissão de Saúde da CMB que faça uma visita de fiscalização aos prontos-socorros e que solicite uma inspeção do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) a esses locais.

Em aparte, Gleisson Oliveira (PSB) reforçou as denuncias do colega emedebista dizendo que nas UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) é quase padrão o procedimento de administração de dipirona aos pacientes – em qualquer caso – junto com a recomendação de que procurem uma Unidade Básica de Saúde (UBS), a porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS). Nas UBS, segundo Oliveira, o paciente será informado de que seu caso será encaminhado a um especialista e que deve aguardar o chamado para uma consulta, o que não acontecerá antes de, pelo menos, seis meses. Não é raro, conforme o vereador, que essa espera se estenda por um ano ou mais. De acordo com Oliveira, a demora talvez explique a proliferação de consultórios populares instalados na frente de unidades básicas, cobrando valores a partir de 50 reais por consultas com especialistas.

“Temos um problema estrutural grave. Até hoje não conseguimos explicar para a população de Belém a questão dos insumos necessários para que um paciente tenha conforto, condições de se recuperar mais rápido e ter alta, abrindo vaga para a internação de outra pessoa”, observou Fabio Souza (PSB). Ele apoiou a proposta de Farah de ampliar as visitas de vereadores a casas de saúde do município, assim como de envolver outros poderes e órgãos nessa questão, como o Ministério Público.

Souza observou que problemas como o de fraturas, graves ou múltiplas, exigem tratamento especializado e que Belém, atualmente, conta com apenas um hospital de referência em traumas, o Metropolitano. Esse dado, segundo ele, assume um aspecto muito mais sério quando se constata que não diminui a grande ocorrência de acidentes de trânsito na RMB, principalmente envolvendo motociclistas, com vítimas que sofrem fraturas. “Num acidente de moto, dependendo da gravidade, você leva de um a seis meses para se recuperar”, informou.

Para evidenciar a necessidade da introdução de melhorias urgentes no atendimento à saúde, Souza traçou uma comparação entre os procedimentos adotados para um mesmo caso nas casas de saúde das redes municipal e federal, que influenciam diretamente na eficácia do tratamento, na cura e no tempo de permanência do paciente na fase de hospitalização e ocupação de leitos. Segundo ele, as providencias do Metropolitano destacam, além do socorro imediato, a execução de procedimentos específicos exigidos pelo caso e que garantam, em menor tempo, o retorno do paciente para casa com relativa segurança de continuidade do tratamento.  “Nos prontos-socorros, ao contrário, o paciente com fraturas, muitas vezes gravíssimas, é mantido lá sem o atendimento adequado, sem medicação e sem melhoras. Isso resulta na permanência dele por muito tempo no leito do hospital”, explicou.

Souza enfatizou a necessidade de abrir essa discussão e tratar desse tema com o novo prefeito, que deverá assumir em 1º de janeiro de 2025, ano de realização da COP30 em Belém. A conferência da ONU sobre o clima, como observou o vereador, atrairá para esta cidade milhares de pessoas e muitas delas poderão integrar e aumentar o contingente de usuários do sistema de saúde municipal.

Texto: Socorro Gomes – DICOS/CMB
Fotos: Arquivo SERFO/CMB

Compartilhar:

Os comentários estão fechados.

Acessibilidade