A tragédia de Aracruz (ES), em que quatro pessoas morreram, até agora, entre as 16 baleadas por um criminoso adolescente que invadiu duas escolas, na sexta-feira passada, repercutiu em pronunciamentos na Câmara Municipal de Belém, nesta terça-feira, 29. Críticas à facilidade de aquisição de armas e cobrança de penalidades mais duras para crimes praticados por adolescentes direcionaram os discursos.
Primeira a falar, a vereadora Enfermeira Nazaré (PSOL) considerou que os assassinatos de professores e estudantes no Espírito Santo foram inspirados por episódios semelhantes acontecidos, com relativa frequência, nos Estados Unidos e incentivados pelo culto às armas que vem se instalando no Brasil há quatro anos. “Uma tragédia anunciada já há algum tempo”, pontuou vereadora, passando a acusar diretamente a legislação favorável ao armamentismo, incentivada pelo atual governo, como facilitadora da proliferação descontrolada de armas de fogo.
“Além da facilidade de acesso às armas temos percebido com preocupação a incitação ao ódio, tendo a juventude como público”. Para Nazaré, os discursos de ódio se combinaram tanto com recursos práticos oferecidos pela internet, como aulas sobre fabricação caseira de armas, como com a política institucional. “Vimos como pessoas foram e continuam sendo atacadas física, moral e psicologicamente desde o período eleitoral. É a luta ‘do bem contra o mal’, mas ninguém se acha do mal”, exemplificou.
Fabio Souza (PSB) reconheceu o aumento de práticas violentas pela juventude e analisou as causas pela ótica da diminuição do respeito dos mais jovens a valores e pessoas mais velhas, como pais e idosos. A violência, segundo ele, também é muito facilitada pela legislação brasileira “que protege o menor infrator, infelizmente “. Ele previu e lamentou que o assassino de Aracruz, por ser adolescente, cumpra somente uns três anos de confinamento.
Mais rigor na punição ao assassino menor de idade de Aracruz também foi cobrado por Fabrício Gama (DEM). “Se tem direito a votar também tem obrigações, regras e punição”.
Matheus Cavalcante (Cidadania) salientou que o jovem assassino utilizou uma arma que pertencia ao pai, policial militar, para rebater as críticas ao governo atual e à legislação facilitadora da aquisição de armas. “Ele teria acesso aquela arma de qualquer maneira”, observou.