A devastação do Rio Grande do Sul tem culpados muito além das chuvas que causaram o transbordamento de rios e lagos levando à destruição de cidades inteiras, segundo os vereadores Silvia Leticia (PSOL), Fernando Carneiro (PSOL) e Matheus Cavalcante (Podemos). “A culpa é da depredação ambiental causada pelo agronegócio, que dá carta branca para que os empresários, através de parlamentares coniventes e financiados por multinacionais passem leis que desmontam nosso meio ambiente”, acusou Silvia Leticia, reforçando sua posição com a leitura, na tribuna, das conclusões sobre a catástrofe publicadas em nota da Revolução Socialista, tendencia interna do PSOL.
A decisão do governador Eduardo Leite, do RS, de vetar 400 pontos da legislação ambiental estadual e reduzir para este ano as verbas orçamentarias destinadas à defesa civil, de um milhão para 50 mil reais, assim como a demora em alertar a população sobre a possível dimensão das chuvas foram apontados como decisivos para a tragedia social enfrentada por aquele estado, cujos números indicam mais de dois milhões de pessoas atingidas e cerca de 540 mil desabrigados em menos de um mês de chuvas.
Matheus Cavalcante disse que o governador do Rio Grande do Sul foi informado da possibilidade das enchentes duas semanas antes, mas só alertou a população quando as chuvas intensas já tinham começado. “Temos um nível aí de incompetência e até de criminalidade nesse processo, que deve ser investigado depois que todas as vítimas forem salvas”, observou. No momento, segundo ele, é urgente que toda ajuda possível seja enviada às vítimas. “Precisamos angariar lençóis, travesseiros, edredons e agasalhos, porque agora, além das chuvas intensas a temperatura está caindo, porque está chegando uma frente fria, o que vai ser um sofrimento a mais para as pessoas que não tem sequer onde morar”, lembrou.
Enfatizando a possibilidade da tragedia gaúcha se repetir em outros locais do Brasil, Silvia Leticia leu as propostas publicadas na nota da Tendencia Socialista, onde sobressaem as recomendações de construção de abrigos para as pessoas desalojadas, indenizações aos atingidos, proibição de demissões e suspensões, pagamento de auxílio aos trabalhadores informais, taxação das grandes fortunas, proibição do agronegócio e inicio de um plano de reflorestamento e adoção de medidas socioambientais financiados por empresas desmatadoras.
Texto: Socorro Gomes
Fotos: Renan Alvares/SERFO-DICOS