Vereadoras dão voz a direitos da mulher na CMB

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A representação feminina na Câmara Municipal de Belém se pronunciou nas vozes das vereadoras Enfermeira Nazaré (PSOL) e Lívia Duarte (PSOL) sobre os casos da menina que engravidou aos 10 anos de idade, em Santa Catarina, e da atriz Klara Castanho, 21. Ambas vítimas de estupro. As parlamentares destacaram o perigo e o desgaste de ser mulher em uma sociedade machista, patriarcal e misógina em pleno século XXI.

A menina estuprada e engravidada foi criticada em redes sociais por não desejar manter a gravidez. Na opinião dos críticos, ela deveria dar a luz a criança e entregar para adoção. Já Klara Castanho sofreu uma enxurrada de críticas e comentários maldosos por ter deixado a criança nascer e entregado para adoção.

Nazaré chamou a atenção para o procedimento da juíza Joana Ribeiro Zimmer, que atuou no sentido de evitar o aborto já autorizado judicialmente para a menina de Santa Catarina que, por ordem dela, foi afastada da família e recolhida em um abrigo. Também criticou e cobrou providências quanto ao comportamento dos profissionais de saúde, médico e enfermeira, que atenderam a atriz Klara Castanho nos processos de gestação e parto, culminando com a revelação do caso para sites de fofocas. “Tanto a criança de 10 anos quanto a jovem atriz de 21 foram estupradas várias vezes, pelos estupradores e pela sociedade, e o que é pior, por mulheres também, que fazem julgamentos de outras, que fazem juízo de valor”, protestou.

Duarte aparteou para prestar solidariedade ao pronunciamento da colega e às duas vítimas. “Vivemos num país extremamente misógino e machista. Se a lei diz que o aborto legal é um direito após um estupro então isso precisa ser um direito. Infelizmente nunca é”, acusou. A condenação da atriz por ter parido e entregue o filho para adoção, um direito também garantido em lei, na análise da parlamentar, desnudou a hipocrisia dos que alegavam estar defendendo o direito à vida. Segundo Lívia, as reações de ódio de parte da sociedade nos casos da menina e da atriz, mostraram que qualquer que fosse a decisão tomada o que estava em jogo era o desejo de controlar o corpo das mulheres e não a defesa da vida.

Entende Lívia que se houvesse real interesse de defender a vida e o bem-estar das crianças haveria mutirões desses críticos atrás das milhares de crianças que pedem esmolas nas ruas. “A questão é que essas já nasceram. Não interessa controlar a vida das mulheres com crianças que já nasceram e cresceram”, analisou. A vereadora defendeu uma campanha de esclarecimento das mulheres acerca de seus direitos.

As vereadoras ganharam o apoio de Fernando Carneiro (PSOL),  que juntou as violências sofridas pela menina e por Klara Castanho aos casos de Genivaldo de Jesus dos Santos, morto em uma câmara de gás dentro de uma viatura da Polícia Rodoviária Federal, em Sergipe, no mês passado; Bruno Pereira e Dom Phillips, indigenista e jornalista britânico, assassinados no vale do Javari, no Amazonas, no início deste mês; e Gabriela Samadello Monteiro de Barros, espancada pelo colega Demétrius Oliveira de Macedo dentro da prefeitura de Registro, em São Paulo. “Aonde vamos parar? Como chegamos aqui? Como se naturaliza todo esse processo de violência? Esse processo não nasceu com o atual governo federal. Já vem de longe. Mas é verdade que o atual governo naturalizou a política da morte”, apontou.

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