As vereadoras Gizelle Freitas (PSOL) e Silvia Leticia (PSOL) relataram, na tribuna da Câmara Municipal de Belém, sua participação, na manhã desta quarta-feira (24), em um ato na frente do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) da Terra Firme, para pedir a exoneração de um funcionário acusado de assédio sexual e tentativa de estuprar uma colega servidora no local de trabalho. Conforme o relato das parlamentares, o caso se arrastava desde o ano passado, com providências da Fundação Papa João XXIII (Funpapa), responsável pela gestão das políticas de assistência social no município, que se resumiam a transferências da vítima e do agressor de um CRAS para outro.

De acordo com as informações de Silvia Leticia, o funcionário temporário Anderson Monteiro, contratado por indicação política para a função de cadastrador do CadUnico no CRAS do Barreiro, foi acusado, no ano passado, de assediar sexualmente e tentar estuprar uma colega servidora. A Funpapa transferiu a servidora para o CRAS da Terra Firme, mantendo o acusado no Barreiro. O caso foi apresentado ao Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores do Sistema Único da Assistência Social (Sintsuas) que fez uma denúncia e exigiu providencias enérgicas da Fundação.

Contudo, conforme Silvia Leticia todos foram surpreendidos, na terça-feira passada, com a notícia de lotação do agressor no CRAS da Terra Firme também, onde já se encontrava a vítima, que teria reagido com muita inquietação, pois desde o ano passado ela faz tratamento psiquiátrico e toma medicamentos controlados em decorrência dos episódios de assedio e agressão sexual sofridos. Então, ainda segundo a parlamentar, a direção da Funpapa teria adotado como solução uma nova transferência da vítima. As duas notícias teriam revoltado os colegas da servidora, que comunicaram o andamento da situação ao Sintsuas, a entidades do movimento feminista e à bancada feminina do PSOL na Câmara de Belém.

Vereadora Gizelle Freitas

Durante o ato de protesto realizado de manhã, na frente do CRAS da Terra Firme, os manifestantes foram informados pela Funpapa que Anderson Monteiro fora exonerado. As duas vereadoras atribuem a demissão à pressão exercida pelos movimentos sociais e sindicato da categoria. Gizelle Freitas acusa a direção da Fundação de ter demorado muito a tomar essa providencia porque, segundo ela, o funcionário acusado já era recorrente nessa pratica e sempre recebia como punição simples atos de transferência de um local para outro, onde voltava a incorrer nos mesmos crimes, tendo, inclusive, assediado uma usuária das políticas de assistência social. “Então, os usuários já chegam a esses locais bastante vulnerabilizados, socialmente e emocionalmente, e ainda enfrentam situações de assédio de alguém que deveria estar atendendo com dignidade. Infelizmente a direção da Funpapa demorou muito para adotar uma medida enérgica contra esse funcionário”, lamentou.

Silvia Leticia declarou que os mandatos da bancada feminina do PSOL estão à disposição das servidoras municipais para denúncias de abusos, assédios, agressões e importunações nos órgãos municipais e contestou a decisão da direção da Funpapa de transferir novamente a servidora vítima de assedio e tentativa de estupro. “Não saia de novo do seu local de trabalho. Fique aí no CRAS da Terra Firme. Você não cometeu crime algum. Essa decisão da Funpapa é absurda e inaceitável!”, afirmou.

Texto: Socorro Gomes
Fotos: Renan Alvares/SERFO-DICOS

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