Quantidade de pessoas morando nas ruas choca vereador

0

Os acampamentos que estão surgindo em espaços públicos em todo o Brasil foram tema de pronunciamento de Fernando Carneiro (PSOL), nesta terça-feira (10), na Câmara Municipal de Belém. Ele contou que esteve, na semana passada, em São Paulo, cidade onde morou por 12 anos, e ficou chocado com a quantidade de pessoas morando em barracas nas praças da capital paulista. “Não são uma, duas ou três e sim centenas, famílias inteiras. Parte dessas pessoas não está exatamente sem emprego, mas não consegue mais pagar o aluguel. O morador sai de manhã, fecha a barraca e vai trabalhar. A prefeitura até construiu lavanderias públicas e instalou banheiros químicos para essa população”, relatou.

Embora reconheça o valor da ação da prefeitura no sentido de amenizar as dificuldades enfrentadas por essas pessoas, Carneiro disse que, de certa forma, está sendo institucionalizada a moradia em barracas nas praças. Segundo ele, é assustador quando se sabe que muitos são moradores de rua antigos, que não buscam empregos porque há muito já perderam a esperança, mas agora o quadro está se agravando com muitas pessoas que ainda trabalham sendo atiradas à situação de rua diariamente. Vários desses recém-chegados ainda conservam equipamentos como notebooks, utilizados para trabalhar ou procurar emprego. São trabalhadores, tem uma renda, mas não suficiente para lhes garantir a moradia em uma casa. “Não à toa o Brasil voltou recentemente ao mapa da fome. Temos cerca de 19 milhões de pessoas passando fome todo dia e 100 milhões de pessoas em algum nível de insegurança alimentar. E temos um presidente que prometeu em sua campanha, em 2018, que o gás de cozinha custaria 35 reais, mas estamos chegando a 135 reais. Disse que a gasolina custaria 2,50 reais, mas hoje com 100 reais de gasolina o ponteiro nem se mexe, porque a gasolina está batendo nos 8 reais”, lamentou.

O vereador interpretou as falas frequentes do presidente Jair Bolsonaro acerca do processo eleitoral como tentativas de levantar cortinas de fumaça para desviar a atenção dos brasileiros dos graves problemas da economia.  “Mas quando ele lança dúvidas sobre a honestidade e limpeza das eleições isso também é um recado para todos nós de que se ele não ganhar vai declarar que as eleições foram fraudadas. Lamentavelmente, ao lado disso, o TSE abriu o processo para consultas às Forças Armadas, que constitucionalmente não têm esse papel”, criticou.

Carneiro advertiu aos demais vereadores que as constantes ameaças de Bolsonaro ao sistema eleitoral poderão atingir os candidatos, em todo o país, aos mandatos de deputado estadual, federal, senador, governador e presidente. “Olhem o recado que ele está passando. É muito perigoso. Embora saibamos que esse recado, mais uma vez, é para encobrir outra coisa, como o preço dos combustíveis, do gás, da carne, do óleo de cozinha. O Brasil está faminto e ele desviando a atenção para o processo eleitoral com ameaças”, explicou.

Igor Andrade (SD) posteriormente, retomou a questão da grave situação econômica brasileira dizendo ser inacreditável que muitos milhões de brasileiros estejam conseguindo sobreviver com salário-mínimo. “Tudo, absolutamente tudo está mais caro”, disse Andrade, enumerando em seguida os culpados sucessivamente apontados pelo governo federal para essa situação: Pandemia, governadores, governos anteriores, guerra, dólar. “Há pouco mais de uma semana houve uma queda do dólar em cerca de um real. E nada, nenhum produto baixou o preço. Alguém deu um espirro em algum lugar e o dólar aumentou 20 centavos. Aí os preços dos produtos aumentaram”, questionou.

A população brasileira, segundo Andrade, segue atormentada por desemprego e salários baixos, de um lado, e aumentos semanais, de outro, de energia elétrica, gasolina, diesel, medicamentos, carne, feijão, arroz, óleo de cozinha, farinha, ovo, frutas. “É enorme a quantidade de pessoas pedindo dinheiro e comida em todos os lugares”, lamentou. Ele concluiu dizendo que o anunciado aumento de 40 centavos no óleo diesel acarretará consequências gravíssimas para o país, com aumentos imediatos em todos os produtos vendidos em feiras e supermercados.

Compartilhar:

Os comentários estão fechados.

Acessibilidade