A questão do lixo voltou à pauta de debates na Câmara Municipal de Belém em pronunciamentos dos vereadores Fabio Souza (MDB), Fernando Carneiro e Gizelle Freitas (PSOL). Na opinião de Souza, a quantidade de lixo acumulada nas ruas pela paralisação dos serviços da antiga empresa contratada para coleta de resíduos sólidos impossibilita a regularização da coleta de lixo pela nova encarregada, a empresa Ciclus Amazônia, em menos de quatro meses.

Souza afirmou que em caminhadas no bairro do Tapanã e nos distritos de Outeiro e Icoaraci constatou um “desastre” ambiental causado por lixo acumulado há mais 15 dias. Também criticou a coleta feita por uma equipe da Ciclus Amazônia que, segundo ele, recolheu lixo molhado de forma inadequada e conseguiu espalhar mais os resíduos.  “E não vamos resolver o problema do lixo apenas regularizando a coleta”, advertiu, acrescentando a necessidade de educar a população para o descarte correto.

Para Fernando Carneiro o problema dos resíduos sólidos em Belém não se resume ao descarte e à coleta. Ele lembrou que a Central de Tratamento de Resíduos Sólidos (CTR) de Marituba, mais conhecida como Lixão de Marituba, é o destino do lixo dos três maiores municípios da antiga Região Metropolitana (RMB), integrada por Belém, Ananindeua, Marituba e Santa Barbara, e é gerida pela empresa Guamá Tratamento de Resíduos, que vem impedindo a entrada no local de caminhões de lixo da empresa Terraplena, que faz parte do consorcio contratado pela PMB para a gestão do lixo.

Carneiro pontuou que a Guamá Tratamento, ao mesmo tempo em que justifica a proibição de descarregamento do lixo alegando falta de condições de recepção desses resíduos, acena com a possibilidade de permitir o descarregamento dos caminhões no local caso sejam feitos pagamentos dos valores cobrados pela empresa. “Então não é um problema de capacidade técnica. O problema é o preço da tonelada do lixo mandado para lá”, observou. Ele recomendou que a Casa oficie à Ciclus Amazônia pedindo informações sobre o calendário de regularização da coleta e à Guamá Resíduos sobre as providencias para receber o lixo acumulado em Belém.

“Por que aquele espaço foi licenciado como aterro sanitário? Quem mandou? ”, perguntou Carneiro se referindo ao Lixão de Marituba. Segundo ele, estudos da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) indicam que não existe local adequado para instalação de aterro sanitário nos municípios da antiga RMB, porque esses espaços receptores do lixo urbano não devem estar a menos de 60 quilômetros da capital e nem próximos a lençóis freáticos e áreas de aeroportos.  “O lixão a céu aberto de Marituba, além de tudo, danificou e desvalorizou os lindos balneários do entorno”, lamentou o vereador.

A questão mais grave e que se torna premente a medida que o tempo passa, segundo Carneiro, é encontrar uma área adequada para a recepção e tratamento de lixo na área entre Belém e Castanhal, que, junto com Benevides e Santa Izabel, já integra a nova RMB, conforme decisão da Assembleia Legislativa do Estado.  “Nesse trecho há áreas possíveis de receber um aterro sanitário de verdade e existem mais condições de cumprimento das recomendações da CPRM”, afirmou.

Gizelle Freitas disse que a gravidade da questão e o início da vigência de contrato da Ciclus Amazônia geraram uma grande expectativa, inclusive no parlamento, de resolução rápida do problema. “O dia 15 chegou e com ele aumentou a nossa ansiedade, visto que este é um tema que tratamos aqui semana após semana”, observou. A vereadora ponderou, contudo, que o problema do lixo de Belém não teria condições de ser resolvido em cinco dias. Para ela, será necessário pelo menos um mês para que surjam os primeiros resultados dos mutirões de limpeza que a empresa encarregada deverá realizar.

Texto: Socorro Gomes
Fotos: Renan Alvares/SERFO-DICOS

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