A vereadora Gizelle Freitas (PSOL) apelou aos colegas vereadores e autoridades estaduais e municipais no sentido de uma mobilização em torno de medidas para adaptar Belém às consequências das mudanças climáticas e também mitigar as consequências de desastres que o município já vive, como a proliferação de incêndios em áreas de matas facilitados pela seca que atinge a região amazônica. “As ilhas de Belém estão queimando. Em Mosqueiro, que viu queimadas por vários dias e obrigou a formação de um comitê de crise na Prefeitura, a situação já foi apaziguada, mas a ilha de Caratateua (Outeiro) continua queimando”, salientou.
Freitas anunciou a realização de uma reunião, às 18h desta quarta-feira (13), convocada pela agência distrital de Outeiro, com diversas secretarias municipais, para combinar ações conjuntas de combate aos incêndios na ilha. “É urgente. Estamos vendo o bairro da Fama inteiro sendo devastado. O incêndio é criminoso? Tem a ver com a seca extrema que estamos vivendo? Tudo isso tem de ser investigado e esta Casa tem de se debruçar sobre esse assunto”, afirmou a vereadora, expondo em seguida a importância da participação do Legislativo na solicitação, acompanhamento e fiscalização de ações de mitigação e adaptação de Belém à ocorrência de fenômenos extremos decorrentes das mudanças climáticas.
“Daqui a pouco esta Casa vai aprovar a lei orçamentaria e nessa lei tem de haver recursos para fiscalização aos incêndios criminosos e adaptação da cidade. Não adianta falar de COP30 – e estamos muito orgulhosos que seja na nossa cidade – se a gente não dá o exemplo. E um bom exemplo é na legislação, na LOA (Lei Orçamentária Anual) a gente deve incluir recursos para providencias de combate, fiscalização e adaptação”, insistiu a parlamentar. Ela anunciou para o próximo dia 21, às 16h, a realização de um ato em defesa de Caratateua, convocado por organizações da sociedade civil e pelos moradores de Outeiro, com concentração ao lado da agencia distrital.
Segundo Freitas, a situação dos incêndios se repete em várias regiões do estado, como na Terra Indígena do Alto Rio Guamá (TIARG), vitimando povos originários como os Tembé e Tenetehara. Essas tribos, conforme a vereadora, mesmo sem treinamento para combate a incêndios, estão tentando salvar a floresta e suas terras, sem ajuda do governo estadual e nem das prefeituras dos municípios do entorno. Este drama, como acrescentou a vereadora, tem sido mostrado em uma série de reportagens feitas pelo jornalista Carlos Brito, da TV Record.
Ela também criticou a ausência dos dois países apontados como os maiores devastadores da natureza e poluidores do planeta – Estados Unidos da América e China – na 29ª Conferência Climática da ONU (COP 29), que está acontecendo em Baku, no Azerbaijão. “Isso é preocupante. Estamos na 29, no ano que vem realizaremos a COP30 e quantas mais serão necessárias para que o Acordo de Paris, de 2015, seja visto como um compromisso real e respeitado por todos os países que assinaram esse acordo?”, perguntou.
Texto: Socorro Gomes – DICOS/CMB
Fotos: Arquivo SERFO/CMB