O vereador Fernando Carneiro (PSOL) fez observações acerca do indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de mais 36 pessoas, pela Polícia Federal, por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e formação de organização criminosa ou Orcrim. Carneiro destacou que entre os denunciados estão mais de 15 militares, a maioria de alta patente e integrante das Forças Armadas. “É uma denúncia consistente. A Polícia Federal levou bastante tempo fazendo essa investigação, que vem, na verdade, desde 2021, para comprovação de um esquema armado para se antecipar a uma possível não-reeleição de Bolsonaro”, explicou o vereador.

“A partir de meados de 2022 eles começam a ter certeza de que não seriam reeleitos e passaram a fazer um planejamento estratégico para não deixar, em caso de vitória de Lula, que ele assumisse”, disse Carneiro, com base no relatório final das investigações da PF, divulgado em decorrência de suspensão de sigilo determinada pelo ministro Alexandre de Mores, do Supremo Tribunal Federal, na semana passada. “Esse relatório é bastante robusto. São 884 páginas, onde o nome de Bolsonaro é citado mais de 460 vezes e é exposta uma análise minuciosa, localizada temporalmente, das ações desse grupo”, avaliou o vereador.

“Se identificou que foram formados seis núcleos: um de oficiais de alta patente, cujo objetivo era o de influenciar outros oficiais; um de inteligência paralela, leia-se de fake news; um de operações de apoio às ações golpistas; um núcleo jurídico; um responsável por incitar militares a aderirem ao golpe; e um outro também de desinformação e ataques ao sistema eleitoral brasileiro”, detalhou Carneiro. Para ele, o relatório da PF leva à conclusão de que os atos iniciados com a ocupação da frente de quarteis das Forças Armadas, em novembro de 2022, passando pela tentativa de golpe de Estado exposta na invasão e destruição nas sedes dos três poderes, em 8 de janeiro de 2023, e a auto-explosão de um homem em frente ao STF, no último dia 13, têm um fio condutor. “Não foram atos isolados. Isto está muito claro para a Polícia Federal”, disse ele.

Carneiro diz não ter dúvidas – após a leitura do relatório da PF – de que pessoas planejaram minuciosamente os atos com características de terrorismo que passaram a acontecer no Brasil a partir da derrota de Jair Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. “Uma cópia do planejamento golpista foi impressa dentro do Palácio do Planalto e depois levada ao Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República, no dia em que os generais indiciados estavam debatendo o golpe. As etapas do golpe foram discutidas na casa do general Braga Neto, que viria a ser o candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro”, informou.

O vereador destacou, entre as várias ações planejadas e executadas pela organização criminosa apontada pela PF, a criação de um grupo de whatsapp para, em 15 de dezembro, ser o meio de comunicação entre os executores de um plano contra a vida do presidente eleito, Lula, de seu vice, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes. Do grupo fizeram parte seis generais, que estavam em Brasileia no dia marcado, mas a ação teria sido abortada. “Isso tudo é gravíssimo. Não temos, na história do Brasil, nenhum exemplo similar, em que um presidente da República, no exercício do cargo, tivesse tramado um golpe para atentar contra a vida do presidente eleito, do vice e de um ministro do STF”, enfatizou o parlamentar.

Texto: Socorro Gomes – DICOS/CMB
Fotos: Arquivo SERFO/CMB

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