Direitos e comportamento da população LGBTQIA+ pautam debate na Câmara de Belém

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Texto: Socorro Gomes
Fotos: Jackson Muriel/ Arquivo Dicos

O direito de existir como LGBTQIA+ foi tema de pronunciamentos na Câmara Municipal de Belém, nesta terça-feira (20), com criticas a comportamentos considerados desrespeitosos e palavras de incentivo pela coragem de não se esconder diante de manifestações contrárias de parte da sociedade.

Fábio Souza

O coro em torno da questão foi levantado pelo vereador Fábio Souza (sem partido), que deplorou a sujeira, incluindo excrementos humanos, segundo ele, deixada pela passagem da “parada do orgulho gay” na avenida Paulista, em São Paulo (SP), no último sábado. “Uma tragédia. A Paulista parecia um banheiro a céu aberto”, criticou, explicando que constatara esse quadro em vídeos enviados a ele por uma filha que mora em São Paulo.

Fernando Carneiro

A fala de Souza recebeu várias correções de Fernando Carneiro (PSOL), que começou explicando ao colega que o nome da manifestação, realizada anualmente, no mês de junho, é, atualmente, Parada do Orgulho LGBTQIA+. Também esclareceu que, ao contrário de outra declaração de Souza, a parada não é financiada pelo poder público e que apenas recebe apoio, por ser um dos principais eventos turísticos de São Paulo.

Quanto à sujeira, Carneiro disse que infelizmente essa ainda é uma consequência de vários aglomerados humanos, como o Carnaval, em que pessoas satisfazem necessidades fisiológicas em calçadas, postes, arbustos e árvores “porque não há banheiros suficientes pra todo mundo”. Então o argumento da sujeira, como observou, não deve ser usado para tentar depreciar um evento como a Parada LGBTQIA+, “que trata de temas fundamentais como o direito dessa população de existir”, salientou.

Josias Higino

José Higino (Patriotas), vereador e pastor, usou a reconstituição da chegada dos missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren, fundadores da denominação cristã Assembleia de Deus, no último sábado, na Escadinha do Ver-O-Peso, para justificar sua crítica à sujeira que teria sido deixada pela parada LGBT na capital paulista. Higino disse que a reconstituição reuniu milhares de adeptos da Assembleia de Deus mas não houve registros de bancos de praças ou lixeiras quebrados, nem de pessoas urinando na via pública e nem apedrejando órgãos públicos. “Podemos dizer que no Círio de Nazaré é a mesma coisa. Pra mim o nome disso é organização”, interpretou.

Gizelle Freitas

Gizelle Freitas (PSOL) afirmou que assinava embaixo as declarações do colega Fernando Carneiro e, se dirigindo a Fábio Souza, disse não ser mais possível, em pleno Século XXI, usar a liberdade de expressão como amparo a manifestações homofóbicas e transfóbicas. “Precisamos deixar nossos preconceitos guardadinhos em casa, principalmente quando somos figuras públicas, eleitas para representar aqueles que votaram e também os que não votaram em nós. Estamos aqui para pensar leis e políticas públicas para ‘todes’ e não somente para aqueles socialmente aceitos por nós como tendo direito de existir”, advertiu a psolista.

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